sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Pacientes Internautas

Estudo aponta como busca de informações na web vem modificando a relação com os médicos

 

Você já procurou na internet a solução para algum problema de saúde? Se a resposta for “sim”, você pode fazer parte do grupo dos “pacientes experts”, que usam a rede para se informar sobre doenças.

Para descobrir como o acesso a tanta informação está influenciando as relações entre médicos e pacientes, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) analisaram diversos artigos estrangeiros que tratam do tema e concluíram que, para os profissionais de medicina, é hora de se atualizar.

O estudo, desenvolvido por Helena Beatriz da Rocha Garbin, Maria Cristina Rodrigues Guilam e André de Faria Pereira Neto, comparou 15 artigos publicados entre 1997 e 2006 nos periódicos britânicos Social Science and Medicine e Sociology of Health & Illness . O período de publicação dos artigos foi definido pelo início da democratização da internet, motivo pelo qual teria surgido esse fenômeno, ainda muito recente e pouco estudado no Brasil. O tema foi encontrado tanto em trabalhos da área de saúde, como de ciências sociais.

Os pesquisadores se depararam com três interpretações bastante distintas do fenômeno dos “pacientes experts”: enquanto alguns artigos defendem que pacientes mais informados valorizam o papel do médico, outros dizem que o livre acesso à informação leva a uma “desprofissionalização” do médico. Já um terceiro ponto de vista sustenta que, mesmo questionando certas posições dos médicos, pacientes mais interessados possibilitariam um diálogo mais profundo sobre os temas.

Para a equipe, o novo panorama exige que os profissionais da saúde se mantenham atualizados, elaborando pesquisas e conhecendo melhor esse universo em que se insere o paciente. “Tradicionalmente existe uma relação patriarcal entre médicos e pacientes. É preciso compreender que ess poder está se equilibrando: os profissionais devem trabalhar com o paciente, em vez de para ele”, afirma a médica Helena Garbin, coautora do estudo, Publicado no periódico Comunicação, Saude, Educação.

Postura ativa
Garbin, que é doutoranda pela Escola Nacional de Saúde Pública, vê a internet como uma ótima ferramenta para a busca por informação e troca de experiências. “A internet leva a uma postura ativa do paciente, que conta com ela para compreender seu adoecimento”, afirma. “Alguns médicos ficam ofendidos, se sentem ameaçados pela perda do monopólio do conhecimento. Já outros relatam que o doente segue melhor o tratamento, justamente por saber o que ocorre com seu organismo”.

Mas é preciso tomar cuidado com o que se encontra na rede. “Muitas páginas podem ser escritas sem nenhum embasamento, ou serem simplesmente veículos de empresas comerciais, interessadas na divulgação de medicamentos”, afirma Garbin, que alerta para possíveis más interpretações da linguagem médica por leigos e a questão da automedicação, hoje considerada um problema de saúde pública.

“É recomendável que o doente procure páginas não comerciais, ligadas a universidades e associações médicas”, diz a médica, lembrando que a visita a um especialista não deve ser descartada. “O paciente sempre deve conferir com o seu médico as informações obtidas. Nada substitui o olhar profissional.”
Fonte: cienciahoje

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